Recentemente a música da Aymeê Rocha “Evangelho dos Fariseus” viralizou e causou grande polêmica. Algumas pessoas amam a música, enquanto outras reclamam que ela “não é um louvor a Deus” e está generalizando, atacando a igreja e atacando os pastores.
Quando ouvi pela primeira vez a música da Aymeê, era porque estamos indo em missão para a Amazônia e estamos muito conscientes da prostituição, estupro de crianças, e incesto sistêmico entre os Ribeirinhos, então pessoas do nosso grupo missionário enviaram o vídeo.
Quem quiser contribuir para levar alimentos e remédios para os Ribeirinhos em nossa viagem em maio 2024, pode doar para a organização missionária Mova-se através do pix: CNPJ 50.035.414/0001-24.
Senti o Espírito do Senhor me mover e comecei a chorar e a orar pelas crianças de Maringá quando ouvi a música da Aymeê. Eu também chorei pela igreja. Então fiquei surpreso que tantas pessoas ficaram ofendidas dizendo que era uma condenação contra a igreja e um ataque aos pastores. Pensei mais, e agora quero destacar alguns pontos.
Arrependimento e Avivamento
O avivamento sempre vem com arrependimento. A alegria e a risada santa são o resultado do arrependimento. Um dos momentos mais poderosos da minha vida foi quando eu tinha 15 anos e meu pai e eu nos arrependemos e nos reconciliamos em um evento chamado The Call DC. Arrependi-me para meu pai e meu pai se arrependeu para mim. Meu pai nunca era um pai terrível, mas ele pedia perdão pelos seus erros, pelas vezes em que ficava impaciente ou agia com raiva. Ele examinou seu coração. Ele não disse “Não preciso me arrepender.” Também me arrependi com lágrimas e choros altos da atitude egocêntrica, orgulho, e auto-justificação naquele evento. Isso me abriu tanto para o Espírito Santo que fiquei à beira de lágrimas por semanas depois disso, me perguntando como era possível me sentir tanto amor. Entrei em avivamento pessoal.
O avivamento colectivo muitas vezes começa quando alguém chora pelos pecados de uma nação. Temos muitas passagens no Antigo Testamento nas quais um líder chorou pelos pecados de sua nação. Líderes piedosos oraram e disseram: “Nós pecamos”. Eles se identificaram com sua nação. Eles não apontaram o dedo dizendo “Eles pecaram”, mas “Nós pecamos.” Mesmo que fossem indivíduos piedosos, eles sabiam que não eram completamente isentos de culpa, por isso se identificaram com os pecados de sua própria nação.
Aymeê nunca apontou o dedo para outras pessoas em sua música. Ela não cantou “Você fez isso” ou “eles fizeram isso.” Assim como os líderes piedosos como Neemias e Ezequias do Antigo Testamento que lideraram o avivamento da nação, Aymeê disse: “Nós fizemos isso”.
Luiz Hermínio também notou que Aymeê disse “Nós.” Luiz diz que o Espírito Santo disse É boa o que ela está dizendo” e mandou ele compartilhar a mensagem.
Aymeê também nunca mencionou pastores em sua canção, mas muitos estão dizendo que isso é um ataque aos pastores. O que ela diz se aplica à igreja, não apenas para pastores. Na maioria das reuniões de oração, quanto tempo de oração é gasto em oração por nós mesmos e por nossos familiares, e quão pouco tempo é gasto em oração pelas crianças do norte do Brazil, pelas pessoas do Sertão e povos Indígenas, pelas pessoas que nunca ouviram o evangelho, pelos moradores das ruas? Já participei de muitas reuniões de oração nas quais todas as oraçãoes eram por si mesmo ou por um parente com cancer.
Mas Jesus chora pelas crianças de Maringá e do Sertão. Nós realmente nos importamos com o que importa para Jesus? Choramos com Ele? Ou estamos apenas orando por um aumento salarial e uma boa semana?
Nosso foco é egocêntrico ou temos as prioridades de Jesus?
Imagine se contássemos as horas que cada cristão passa em eventos para si mesmo em comparação com o tempo ministrando a outras pessoas e compartilhando o evangelho. A realidade é que, no geral, é uma percentagem muito pequena. Sim, ministérios como “Curando nas Ruas” estão trabalhando para mudar isso, mas essa é a realidade da maior parte da igreja. Estou falando de membros.
Estocamos maná para nós mesmos. Vamos comparar… quanto tempo a maioria dos cristãos se concentra em ouvir outro sermão ou em receber uma palavra de Deus? E vamos comparar isso com o tempo focado em entregar a palavra de Deus às pessoas que mais precisam? Muitos cristãos que estão sempre em busca do próximo sermão ou a próxima profesia NÃO passam tempo compartilhando a palavra de Deus com pessoas que ainda não conhecem Jesus! A maioria dos cristãos está mais focada em receber, receber, receber…ou deixar o rio de Deus fluir através deles para tocar outros que precisam de cura, salvação e libertação?
Ezequiel 16:49 ‘Ora, este foi o pecado de sua irmã Sodoma: ela e suas filhas eram arrogantes, superalimentadas e despreocupadas; eles não ajudaram os pobres e necessitados.
Quem já pesquisou estatísticas concretas sobre quanto dinheiro a igreja gasta e qual percentagem desse dinheiro vai para os pobres e necessitados? E qual porcentagem vai para alcançar pessoas que nunca ouviram o evangelho? Os Ribeirinhos, os povos Indígenas e o povo do Sertão no Brasil são considerados grupos não alcançados pelo evangelho. Minha pesquisa diz que um vigésimo de um por cento do dinheiro gasto pelas igrejas vai para alcançar pessoas que nunca ouviram o evangelho. Mesmo a maior parte do dinheiro gasto em missões é enviado para lugares que já estão bem evangelizados. Não sei se isso ainda é verdade, mas certa vez aprendi que o país número 1 em envio de missionários no mundo era os Estados Unidos e o segundo país era o Brasil. Mas o destino número 1 dos missionários brasileiros era os Estados Unidos, ao invés de ser um lugar onde as pessoas nunca ouviram o evangelho!
A nossa resposta não deveria ser humildade?
Quando somos confrontados com a dor de pessoas que a igreja feriu, quer tenhamos sido nós, pessoalmente, aqueles que as injustiçamos, ou não, a atitude que vai ganhar essas pessoas para Cristo e trazer reconciliação é ficar com raiva e dizer: “Pare de atacar a igreja ?” Ou é humildade e identificação com os pecados da igreja em uma atitude arrependida, como os líderes dos avivamentos no Antigo Testamento confessaram os pecados de sua nação?
Há pessoas que cometeram suicídio por causa de suas experiências na igreja. Mesmo que você seja um cristão que não tem culpa pessoal nessas situações, qual é a resposta apropriada que você deveria dar às pessoas que foram feridos? Dizer “pare de atacar a igreja. Eu não quero ouvir isso” vai ajudar? Responder assim vai mostrar o coração de Deus?
Na igreja local na minha cidade, pelo menos uma pessoa tentou suicídio por causa de abuso sexual na igreja, e ouvi o rumores de que outros suicídios estavam relacionados à mesma situação. Uma das vítimas alega que falou com os outros pastores e disseram que ela deveria ficar quieta e perdoar o pastor para proteger a igreja. Mais pessos viraram vitimas dele. E o pastor tinha um longo histórico de má conduta sexual, mas a igreja ainda o queria como pastor. Agora eles fingem que é apenas o pecado do pastor e dizem “Pare de atacar a igreja”, mas deveriam humilhar-se e arrepender-se por permitir que isto continuasse. Há abuso sexual. Há abuso financeiro. Há abuso espiritual.
Quando uma pessoa coloca o dinheiro do aluguel na oferta por causa de manipulação e depois não paga o aluguel e perde o apartamento, alguém diz: “É errado receber a oferta dessa forma?” Ou participamos do pecado pelo nosso silêncio, virando parte de um sistema de fariseus? E depois não queremos ouvir as histórias que desafiam nossa auto-justificação. Estou falando de situações reais que conheço, não de situações hipotéticas. Talvez não haja nenhuma manipulação financeira em sua igreja. OK, mas como você responderá às pessoas que passaram por isso em outro lugar? Você vai apenas dizer a elas “Parem de atacar a igreja?”
A igreja está profundamente necessitada de arrependimento. A realidade é que a igreja muitas vezes diz: “Somos ricos e não precisamos de nada”, quando na verdade somos pobres, cegos e nus. O orgulho precisa ser ofendido e precisamos abandoná-lo para receber tudo o que Deus tem para nós!
Em vez de nos defendermos, por que não nos humilhamos? Em vez de dizer “não fui eu”, por que não consideramos se temos alguma parte da culpa, mesmo que seja um pouco? As prioridades de Jesus sempre foram as minhas prioridades ou já caí num foco egoísta? Já temi ao homem ao invés de temer a Deus e assim permiti que continuasse uma situação na igreja que destruiu a vida de alguém com meu silencio? Existe alguma necessidade de arrependimento em minha vida? Já vi pessoas pelo que elas poderiam fazer por mim ou como poderiam me ajudar a construir “meu ministério,” ao invés de olhar para elas através dos olhos de Jesus e perguntar: “Como posso servi-las?”
Não chame a correção de Deus de “ataque à igreja”
Quando lemos a repreensão de Jesus aos fariseus em Mateus 23 e outras passagens bíblicas que repreendem o povo de Deus, ficamos ofendidos e dizemos: “Esse não sou eu. Jesus, pare de atacar a igreja!” Ou consideramos humildemente se isso pode se aplicar a nós? E mesmo que isso não aconteça, entendemos o coração e a perspectiva de Deus sobre a situação?
Deus corrige aqueles que Ele ama. Ele sempre, no Antigo e no Novo Testamento, tem usado as pessoas com o coração dEle para trazer essa correção. Quando Deus fala, não endureça seu coração! Não chame a Sua correção de “ataque à igreja.” Humilhe-se e receba a graça de Deus!
Deus resiste aos orgulhosos, mas dá graça aos humildes. A canção da Aymeê é uma oportunidade para arrependimento e avivamento. É uma oportunidade para deixar Deus quebrar nossos corações pelas crianças de Maringá e chorar com as lágrimas de Jesus. É uma oportunidade para começar um movimento de oração e compaixão que mudará a realidade de Maringá e de outras regiões do Brasil. Não vamos perder essa oportunidade! Eu quero avivamento agora!
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